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Aula teórica 1a -A pele e anexos — 4 de janeiro de 2016

Aula teórica 1a -A pele e anexos

O tegumento, constituído pela pele e seus anexos (folículos pilosos, unhas,
glândulas sebáceas e sudoríparas), é um dos maiores órgãos do corpo,
correspondendo a, aproximadamente, 16% do nosso peso corporal.

Ele reveste toda a superfície do corpo e é um excelente indicador da saúde de vários outros órgãos.

Em um exame clínico, a cor da pele pode indicar a existência de várias condições patológicas.

Uma pele com coloração amarelada é fortemente sugestiva de icterícia, que representa um aumento do pigmento bilirrubina no sangue e a sua conseqüente deposição na pele.

Uma pele cianótica (cinza-azulada), que pode indicar problemas de natureza respiratória e cardiovascular.

Uma coloração pálida é sugestiva de anemia, doença em que o número de hemácias e/ou de hemoglobina se encontra diminuído.

Já uma pele sem pigmentação sugere uma doença de origem genética, denominada albinismo, ou seja, as células produtoras do pigmento melanina, um dos principais responsáveis pela cor da pele, são incapazes de produzi-lo.

A pele é também um órgão de recepção de estímulos do meio ambiente. Por meio de grande número de receptores sensoriais nela existentes, somos capazes de detectar estímulos de diferentes naturezas, tais como estímulos térmicos, dolorosos, tácteis e muitos outros.

esquema pele

 

COMPOSIÇÃO E FUNÇÕES
Na Figura 6.1, você pode observar
que a pele é constituída por três camadas:
Epiderme – camada formada
pelo epitélio pavimentoso estratificado
queratinizado, originado a partir do
ectoderma cutâneo (Aula 3 deste módulo).
• Derme – camada composta por
tecido conjuntivo originado do mesoderma.
• Hipoderme – camada adiposa
também de origem mesodérmica, que une a
pele aos órgãos mais profundos. Esta camada
é conhecida como tecido celular subcutâneo
e constitui o panículo adiposo.

De acordo com a sua espessura, a pele é classificada em:

delgada (ou fina) e espessa (ou grossa).

Você encontrará pele delgada recobrindo a maior parte do seu corpo. Observe que na palma das suas mãos e na planta dos seus pés a pele é espessa.
A pele desempenha as seguintes funções:
• Proteção – a queratina, proteína cuja síntese você irá estudar
ainda nesta aula, protege a pele contra o atrito e contra a perda de água
por evaporação. O pigmento melanina protege a pele contra a ação lesiva
dos raios ultravioleta; as células de Langerhans presentes na epiderme
e outras células de defesa presentes na derme protegem a pele contra a
invasão de microorganismos.
• Termorregulação – a pele apresenta importante função na
regulação da temperatura corpórea através da sua extensa rede vascular,
das suas glândulas sudoríparas e do tecido adiposo nela presente.
• Excreção – além da importante função na termorregulação, as
glândulas sudoríparas eliminam vários produtos tóxicos do metabolismo
celular, como uréia, amônia e ácido úrico.
• Sensorial – através das células de Merkel e das terminações
nervosas livres presentes na epiderme e também de vários tipos de
terminações nervosas sensitivas presentes na derme, a pele recebe
informações do meio ambiente e as envia para o sistema nervoso
central.
• Metabólica – a vitamina D, essencial para a fi xação do cálcio nos
ossos, é produzida na pele sob a ação dos raios solares. O tecido adiposo da
hipoderme constitui uma importante reserva de energia para o corpo.

Epiderme
Se você observou atentamente a Figura 6.1, viu que a camada
superior da pele, a epiderme, é constituída por epitélio pavimentoso
estratificado queratinizado. Os epitélios de revestimento se caracterizam
por:

  • serem constituídos por células muito próximas entre si e, portanto,
    com pouca substância intercelular;
  • serem avasculares;
  • apresentarem células polarizadas.

Histologicamente, de acordo com o número de camadas celulares, os epitélios de revestimento são classificados em:

  • epitélios simples (uma
    única camada de células) e estratificados (duas ou mais camadas de células).

Em ambos os casos, as células que os constituem podem apresentar
formato pavimentoso, cúbico ou cilíndrico.

A classificação dos epitélios estratificados leva em conta o formato das células mais superficiais.
Portanto, você agora pode deduzir que a epiderme é formada por várias
camadas de células, sendo que a mais superficial é constituída por células
formada por células pavimentosas.
A maioria das células da epiderme tem como função a síntese
de queratina, que é a principal proteína da epiderme; por isso, essas
células são conhecidas como queratinócitos.

Além dos queratinócitos, originados do ectoderma cutâneo, você encontrará na epiderme outros tipos celulares, com várias origens embriológicas.

Por exemplo:

  • os melanócitos, células produtoras de melanina, originam-se das cristas neurais;
  • as células de Langerhans são células de defesa e se originam do
    mesoderma;
  • as células de Merkel, originadas também das cristas neurais,
    são células envolvidas nas sensações tácteis.

figura 6.2

Acompanhando esta descrição da pele, veja na Figura 6.3 que
o estrato basal ou germinativo é o mais profundo da epiderme, sendo
constituído por uma camada única de células cilíndricas que repousam
sobre a membrana basal .

As células desse estrato se prendem à lâmina basal por meio de hemidesmossomas .

Essa é a camada responsável pela renovação da
epiderme, onde você vai encontrar as células-fonte .

À medida que se dividem por mitose , algumas dessas células são adicionadas à população de células-fonte, enquanto outras migram para constituir o próximo estrato.
Os queratinócitos basais sintetizam principalmente as citoqueratinas
5 e 14 , que, você verá adiante, resultarão no processo de queratinização.
Figura 6.3
O estrato espinhoso é constituído por várias camadas de células
poligonais com núcleos ovóides e com curtas expansões citoplasmáticas,
onde os tonofilamentos (feixes de filamentos de citoqueratina) se
inserem nos desmossomas.

O contato com as células vizinhas se dá por meio de desmossomas ao nível dessas expansões citoplasmáticas, o que confere às células um aspecto espinhoso.

Esses queratinócitos sintetizam as citoqueratinas 1 e 10, em substituição às anteriores, e os pequenos grânulos glicolipídicos de aspecto lamelar, denominados corpos lamelares.
Ainda na Figura 6.3, observe que as células do estrato granuloso
são achatadas e ricas em pequenos grânulos de querato-hialina; esses
grânulos estão associados aos tonofilamentos que, nesse estrato,
pertencem às isoformas 2e e 9 de citoqueratinas.

Os corpos lamelares aumentam em quantidade e são liberados para os espaços intercelulares, onde formarão uma espessa cobertura sobre as células do estrato acima, o estrato lúcido. Essa cobertura glicolipídica desempenha uma importante função como barreira hídrica da epiderme.

Ainda falando de estratos…
No estrato lúcido, os núcleos das células apresentam sinais de
degeneração, e no citoplasma, a maioria das organelas já desapareceu
(digeridas pelas enzimas lisossomais).

Estas células estão parcialmente preenchidas por queratina, que é uma proteína formada pela associação entre os tonofilamentos e os grânulos de querato-hialina.

Lembre-se de que sobre elas existe uma cobertura glicolipídica que, juntamente com a queratina, torna a membrana plasmática dessas células impermeável a fluidos.
O último estrato da epiderme, o estrato córneo, é constituído por várias
camadas de células achatadas e mortas.
Tais células são totalmente ocupadas por queratina, o que transforma os
queratinócitos em placas sem vida que descamam continuamente.
Os cinco estratos celulares que você acabou de estudar são encontrados
na epiderme da pele espessa.

Na pele delgada, a epiderme é mais simples, tanto no número de estratos como no de camadas celulares que compõem esses estratos.

E por falar de estratos, ao observar a Figura 6.4, você nota que não existe o estrato lúcido e que o estrato córneo é bem mais fino.

Em termos práticos, podemos dizer que a pele espessa apresenta uma grossa camada de queratina, enquanto a camada da pele delgada é fina (Figura 6.4).

figura 6.4

Melanócitos
Os melanócitos (Figuras 6.2 e 6.5) são células originadas a partir
das cristas neurais, que migram de seus locais originais para a epiderme,
onde se interpõem por entre os queratinócitos basais. São células que apresentam um corpo celular localizado no estrato basal da epiderme e possuem vários prolongamentos interpostos entre os queratinócitos dos estratos espinhoso e granuloso. Os melanócitos sintetizam e secretam o pigmento melanina, um dos responsáveis pela cor da sua pele. A cor da pele resulta de múltiplos fatores, e os mais importantes são o conteúdo de melanina e de caroteno, a quantidade de capilares na derme e a cor do sangue que corre nesses capilares.

figura 6.5a

figura 6.5b

A melanina é um pigmento marrom-escuro, sintetizado pelos melanócitos a partir da ação da enzima tirosinase sobre o aminoácido tirosina.

A tirosinase é sintetizada no retículo endoplasmático rugoso e no complexo de Golgi, em pequenas vesículas denominadas melanossomos.

A tirosina incorporada pela célula penetra nos melanossomos e é convertida em 3,4-diidroxifenilalanina (dopa).

Após várias reações bioquímicas, a dopa é convertida à melanina. Quando cessa a atividade tirosinásica, o melanossomo é transformado em grânulo de melanina.
A melanina é então transferida para os queratinócitos dos estratos espinhoso e granuloso, onde se localiza em posição supranuclear, formando um capuz protetor sobre os núcleos dessas células.

Células de Langerhans
Nas Figuras 6.2 e 6.6 você pode ver que as células de Langerhans
são de origem mesodérmica, muito ramificadas, e têm um importante
papel protetor na pele. Elas podem ser encontradas em qualquer estrato
da epiderme, porém são mais freqüentes no estrato espinhoso. Elas
captam e processam antígenos e os apresentam aos linfócitos presentes
na derme e estão constantemente migrando da epiderme para a derme
e vice-versa.

Células de Merkel
Da mesma forma que os melanócitos, as células de Merkel são
originadas das cristas neurais e se localizam entre os queratinócitos basais
(Figura 6.6), e a eles se ligam por meio de desmossomos. São mais numerosas na pele espessa, principalmente nas pontas dos dedos. A base das células de Merkel está em contato com fibras nervosas da derme, através de uma placa nervosa. São responsáveis pela sensibilidade tátil.

figura 6.6
Para finalizar o estudo da epiderme…
A Figura 6.2 mostra que o limite entre a epiderme e a derme é muito
irregular. A epiderme projeta cristas (cristas epidérmicas) em direção à derme,
que são acompanhadas pelo tecido conjuntivo da derme (papilas dérmicas).
Essa interação entre epiderme e derme ajuda a fi xar mecanicamente um
componente ao outro. Não esqueça que entre ambas você encontrará a
membrana basal.

Derme
Abaixo da epiderme, você encontrará a derme, constituída por
tecido conjuntivo e, portanto, de origem mesodérmica. Sua espessura
varia de acordo com a região do corpo examinada. Na Figura 6.7,
vemos que a derme é subdividida em duas regiões: a região mais
próxima da epiderme, onde estão localizadas as papilas dérmicas, está a
derme papilar, constituída por TECIDO CONJUNTIVO FROUXO. Abaixo da derme papilar, observe que há uma região formada por TECIDO CONJUNTIVO DENSO NÃO-MODELADO, que é a derme reticular. A derme é ricamente vascularizada e inervada; é nela que se localizam os derivados da epiderme: os folículos pilosos, as glândulas sebáceas e sudoríparas.
figura6.7
O TECIDO CONJUNTIVO
é constituído por células separadas entre si por abundante quantidade de matriz extracelular (MEC). A MEC, por sua vez, é composta por fibras
colágenas e elásticas e por substância amorfa (água, proteoglicanas,
glicosaminoglicanas e glicoproteínas). Quando o tecido conjuntivo se apresenta predominantemente celular, dizemos que ele é FROUXO. Quando, ao contrário, ele se mostra predominantemente fibroso, dizemos que ele é denso ou fibroso. Se as fibras desse tecido tiverem uma orientação definida, o tecido será classificado como conjuntivo denso
modelado. É o caso observado nos tendões e ligamentos. Se as fibras forem dispostas aleatoriamente, como na derme reticular, ele será denominado TECIDO CONJUNTIVO DENSO NÃO MODELADO. Enquanto o tecido modelado resiste fortemente a forças de tração em uma única direção, o
não-modelado resiste a forças que nele incidam em várias direções.
Percebeu por que a pele é tão resistente?
Além das fibras do sistema colágeno , a pele é rica em fibras do sistema elástico, responsáveis pela sua elasticidade. Esse sistema é composto por três tipos de fibras: oxitalânicas, elaunínicas e elásticas. Elas são produzidas em três estágios sucessivos, podendo permanecer em um deles ou coexistir harmonicamente, a depender das funções que irão realizar.
Ao microscópio eletrônico, você observará que as fibras
oxitalânicas são constituídas por feixes de microfibrilas de 10nm de
diâmetro, compostas principalmente pela proteína fibrilina. A fi brilina
forma o arcabouço necessário para a deposição da elastina, que é o
material elástico da fi bra. Observe, portanto, que as fi bras oxitalânicas
não têm elasticidade, pois não possuem elastina. São fi bras resistentes à
tração. As elaunínicas são formadas por fi brilina e por elastina disposta
irregularmente entre os feixes de microfi brilas. Já as elásticas têm a mesma constituição das elaunínicas, embora a elastina, nas elásticas, esteja acumulada em grande quantidade no centro da fibra. As microfibrilas se dispõem perifericamente, e a elastina, centralmente.
Na microscopia de luz, a identificação das fibras do sistema elástico
é feita com técnicas especiais de coloração como a orceína, a resorcinafuccina de Weigert entre outros. Na Figura 6.8, você poderá visualizar os três tipos de fibras do sistema elástico.

figura 6.8
Hipoderme
A hipoderme é a camada mais profunda da pele que a une aos
órgãos subjacentes. É constituída por tecido conjuntivo frouxo com
quantidade variável de células adiposas, a depender da sua localização
no corpo e do estado nutricional do indivíduo (Figura 6.9). É também
conhecido como tecido celular subcutâneo ou panículo adiposo. Modela
o corpo e é também um importante reservatório de energia para as
atividades metabólicas. Como a gordura é um bom isolante térmico,
essa camada proporciona proteção contra o frio.
figura6.9
Vascularização da pele
A pele é um órgão ricamente vascularizado. Veja a Figura 6.10.
Nela você poderá distinguir três redes de vasos interconectados, localizados na derme e na hipoderme. A primeira rede vascular se localiza na derme papilar e é denominada plexo subpapilar. A segunda, o plexo cutâneo, está na região de transição entre a derme papilar e a reticular; a terceira, o plexo hipodérmico (ou subcutâneo), fi ca na região da hipoderme. Veja também que do plexo subpapilar originam-se alças capilares que penetram em cada papila dérmica. É muito comum você observar anastomoses arteriovenosas entre as três redes vasculares. Essas anastomoses desempenham importante papel na termorregulação do corpo. Mas lembre-se de que a epiderme é avascular. Se tiver esquecido isso, releia a seção sobre Epiderme.

figura6.10
RECEPTORES SENSORIAIS
Os receptores sensoriais são estruturas histológicas especializadas
para melhor detectar os diferentes estímulos que incidem sobre a pele
ou sobre os órgãos internos. São compostos pelas extremidades de uma
fi bra nervosa, que pode estar livre ou associada a células não-neurais,
formando um miniórgão. Esses miniórgãos permitem que você receba
informações sobre as diferentes partes do seu corpo.
Na pele e em outros órgãos você poderá encontrar três categorias
de receptores sensoriais:
• Exteroceptores – são receptores sensoriais que fornecem
informações sobre o meio ambiente.
• Proprioceptores – são receptores sensoriais que fornecem
informações sobre a posição e o movimento do corpo.
• Interoceptores – são os receptores que fornecem informações
sensoriais dos órgãos internos do corpo.
Você encontrará uma outra classificação desses receptores que se baseia no tipo de estímulo ao qual o receptor responde. Por essa classificação, os receptores são divididos em:
• Mecanorreceptores – são os que respondem à deformação
mecânica dos tecidos ou do próprio receptor. Fazem parte desse grupo
os exteroceptores e os proprioceptores. São mecanorreceptores: as
terminações nervosas livres (Figura 6.11), os discos ou terminações de
Merkel (Figuras 6.6 e 6.11), os corpúsculos de Meissner, Ruffi ni e os
de Pacini (Figura 6.11). Os dois primeiros são não-encapsulados,
enquanto os demais são encapsulados, ou seja, são envolvidos por
cápsula de tecido conjuntivo.
• Termorreceptores – são receptores que respondem ao frio e ao calor.
• Nociceptores – são receptores que respondem a estímulos
dolorosos.
Na Tabela 6.1, você poderá ver a localização e as funções dos
mecanorreceptores. Esse sistema sensorial será melhor estudado na
próxima aula sob o tema “Como sentimos o mundo a nossa volta?”.

tabela6.1

figura6.11

ANEXOS DA PELE
Os anexos da pele são estruturas que se originam por invaginação
da epiderme na derme. São eles: pêlos, glândulas sebáceas, glândulas
sudoríparas e unhas. A distribuição, o arranjo e a estrutura detalhada
deles variam nas diferentes regiões da pele, mas a estrutura geral obedece
a um padrão básico.

Pêlos

Os pêlos são estruturas queratinizadas formadas a partir da
invaginação da epiderme na derme. Dessa invaginação originam-se
pequenos órgãos denominados folículos pilosos. Na Figura 6.12, você
pode observar que o folículo piloso no pêlo em fase de crescimento
apresenta uma dilatação terminal, que é o bulbo piloso, e, na sua porção
central, uma papila dérmica, que induz o crescimento do pêlo. As células
que recobrem a papila formam a raiz do pêlo, que é constituída por
queratinócitos e melanócitos. À medida que os queratinócitos da raiz
do pêlo se diferenciam, eles vão sofrendo queratinização, incorporando
melanina e afl orando na superfície da epiderme.

Você sabe como é formado um pêlo? Um pêlo completo é formado
por três regiões com diferentes níveis de queratinização: a medula,
porção mais central e fracamente queratinizada; o córtex, região mais
queratinizada que envolve a medula; e a cutícula, região mais externa,
fortemente queratinizada, que envolve o córtex sob a forma de escamas.
Perifericamente, o folículo piloso é envolvido pelas bainhas radiculares interna e externa e é separado do tecido conjuntivo da derme por uma membrana basal bem desenvolvida, a membrana vítrea.
Veja que, na bainha conjuntiva que circunda o folículo piloso, você encontrará o músculo eretor do pêlo (um feixe de músculo liso ) se fixando, de um lado, na bainha e de outro, na derme. A sua contração provoca o eriçamento do pêlo.

figura6.12
Glândulas sebáceas
Ainda falando dos anexos da pele, as glândulas sebáceas se
originam da mesma bainha epitelial que forma o folículo piloso. Como
você pôde ver na Figura 6.12, o duto da glândula sebácea se abre no
canal do folículo piloso; portanto, na maior parte do corpo, as glândulas
sebáceas estão associadas a esses folículos. O produto de secreção dessas
glândulas é o sebo, que se constitui como uma mistura semelhante à
cera. O sebo é formado por colesterol e triglicerídeos. Ele é o hidratante
natural da pele e, como tal, contribui para a manutenção de sua textura
e para a flexibilidade do pêlo.
Na Figura 6.13 pode ser observado que as células basais da
glândula (células-fonte) proliferam e, à medida que vão sendo empurradas
para a superfície, começam a se diferenciar e a acumular secreção no
seu interior. As organelas e os núcleos dessas células desaparecem, e elas
são eliminadas como produto de secreção. A glândula, cujo produto de
secreção é a própria célula, é classificada como holócrina.
figura6.13
Glândulas sudoríparas
Como você já pode imaginar, as glândulas sudoríparas são responsáveis
pela produção do suor, uma secreção que, além de permitir a eliminação
de produtos tóxicos, resultantes do metabolismo celular, é também, um
componente importante do mecanismo da termorregulação humana.
No corpo humano, existem dois tipos diferentes de glândulas
sudoríparas: as merócrinas e as apócrinas.

As glândulas sudoríparas merócrinas ou écrinas (Figuras 6.12 e
6.14) são glândulas túbulo-enoveladas, cujas células eliminam somente o
produto de secreção, sem comprometimento das células. Essas glândulas
são as mais numerosas no nosso corpo. O suor por elas produzido é
eliminado diretamente para a superfície da pele, por meio de um duto
excretor, e é composto por uma solução aquosa contendo íons, (Na++,
K+, Cl-), uréia, amônia, ácido úrico e pouquíssima proteína.

As glândulas sudoríparas apócrinas são encontradas nas regiões
axilares, pubiana e perianal do nosso corpo. Parte do citoplasma
dessas células é perdida durante o processo de secreção. Além disso, as
glândulas sudoríparas apócrinas produzem uma secreção viscosa que é
descarregada para o canal dos folículos pilosos, em vez de diretamente
para a superfície da pele.
figura6.14
Unhas
Você poderá ver a estrutura e a formação da unha na Figura 6.15.
As unhas são placas de células fortemente queratinizadas, placas ungueais,
que crescem nas superfícies dorsais das falanges terminais dos dedos, os
leitos ungueais. Elas são limitadas lateralmente pelas pregas ungueais
laterais, que apresentam estrutura semelhante à epiderme adjacente, e,
na região proximal, pelo eponíquio (cutícula), ou seja, uma projeção
pregueada do estrato córneo da pele. O limite proximal da placa é a
raiz ungueal, que é a região da epiderme responsável pela formação da
substância da unha. A união entre o leito e a placa ungueal na ponta do
dedo é denominada hiponíquio, que tem como função proteger o leito
ungueal da invasão de bactérias e fungos.
figura6.15
CONCLUSÃO
Com essa leitura, você pôde perceber a importância da pele não
só como um órgão de revestimento para o corpo, mas também como
um órgão de defesa, que está estruturado para impedir não só a entrada
de microorganismos no meio interno, e a perda excessiva de água por
evaporação, como também para alertar o sistema nervoso central
quanto às alterações do meio ambiente através dos seus inúmeros órgãos
sensoriais. Você viu, inclusive, que a pele, através da sua rica rede vascular
e das glândulas sudoríparas, exerce importante função termorreguladora.
Não esqueça, pois, que a textura e a cor da pele refl etem a saúde dos
outros sistemas do corpo.